terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Cientistas mostram, em vídeo, o que acontece quando estalamos os dedos


Brincadeira de “puxar o dedo”, comum entre crianças em idade escolar, está sendo usada para resolver o debate sobre o que acontece quando estalamos os dedos, que vem sendo discutido há décadas.

Em estudo publicado nesta semana na revista científica PLOS ONE, um grupo de pesquisadores comandado pela Universidade de Alberta usou a tecnologia da ressonância magnética para descobrir o que acontece dentro das articulações. Pela primeira vez, foi observado que uma cavidade é formada rapidamente entre as juntas, resultando no som característico de quando dedos são estalados.

— Nós apelidamos o estudo de “puxe o meu dedo”, e realmente puxamos o dedo de uma pessoa para filmar o que acontece na ressonância. Assim, foi possível ver muito claramente o que acontece entre as articulações — explicou o autor principal do estudo, Greg Kawchuk, também professor na Faculty of Rehabilitation Medicine.

Assista ao vídeo, em inglês:



Cientistas debatem o enigma do estalo de dedos por décadas, desde 1947, quando pesquisadores britânicos disseram que a causa era a formação de bolhas de vapor. Em 1970, outro time de cientistas disse que, na verdade, a causa eram bolhas de colapso. 
A ideia do projeto nasceu quando o quiroprático Jerome Fryer apresentou a Kawchuk uma nova teoria de estalos de dedos. Eles decidiram ignorar as teorias antigas e, junto a outros colegas, optaram por olhar para dentro das articulações.

Para encontrar uma resposta, o grupo precisou de uma pessoa capaz de estalar os dedos sob demanda, trabalho executado pelo próprio quiroprático Fryer. O pesquisador Kawchuk afirmou que a maioria das pessoas tem a habilidade de estalar os dedos. Porém, diferente da maioria, Fryer pode fazer isso em todos os dedos e, após curto tempo de recuperação, fazer novamente.

Os dedos de Fryer foram inseridos um a um em um tubo conectado a um cabo, o qual foi lentamente puxado até que as articulações fossem estaladas. A ressonância magnética capturou em tempo real todo o processo em vídeo, o que durou menos que 310 milésimos de segundo. O estalo e a separação da articulação foram associados com uma rápida criação de uma cavidade cheia de gás dentro do fluido sinovial, uma substância que lubrifica as articulações.

— É quase como se um vácuo se formasse. Como as superfícies das articulações se separam de repente, uma cavidade é criada e isso é o que se associa ao som — explica Kawchuk.

Mais do que responder a uma curiosidade científica, as descobertas abrem caminho para novas pesquisas sobre os benefícios terapêuticos ou prejudiciais de estalar as articulações.

— A habilidade para estalar dedos pode estar relacionada à saúde das articulações — diz Kawchuk, que acredita que esse trabalho pode implicar observações sobre outras partes do corpo e ainda ajudar a explicar a causa de artrite ou lesões nas articulações.

Além disso, os dados da pesquisa revelaram a presença de um clarão que só foi notado antes do estalo. Segundo o pesquisador, ninguém observou isso anteriormente. Kawchuk disse que ele gostaria de usar a tecnologia da ressonância para entender o que acontece na articulação após o som feito pelo estalo, e o que isso significa para a saúde.

— Nós podemos usar essa nova descoberta para ver quando os problemas de articulações surgem o que acontece antes de os sintomas aparecerem. Isso poderia dar a pacientes e clínicos a possibilidade de abordar problemas comuns nas juntas antes de eles começarem — finaliza o pesquisador.

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