sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Efeitos da equoterapia em crianças com distúrbios autistas: revisão de literatura



1. RESUMO

Autismo é um transtorno invasivo do desenvolvimento e inclui danos na interação social, na comunicação, tem padrões comportamentais repetidos, pouco interesse, e tem início antes dos 3 anos de idade. Ed. Washington DC: APA, (1994). A causa do autismo é ainda desconhecida. Dezenas de estudos tentam desvendar os fatores genéticos que se associam à doença.¹ Objetivo: Nesse sentido o objetivo do estudo é realizar uma revisão do material disponível na literatura a respeito dos efeitos da equoterapia em crianças com distúrbios autistas. Resultados: Ao total de 29 artigos relacionados ao tema e após critérios adotados para exclusão, seis estudos foram selecionados para a parte de análise crítica do conteúdo, onde eles mostraram que a equoterapia é um tratamento benéfico para crianças com distúrbios autistas. Conclusão: Concluímos então que a equoterapia pode sim vir a ser um ótimo tratamento em crianças autistas, pois como vimos em todos os artigos científicos que utilizamos nesse trabalho houve varias comprovações de que o tratamento com cavalo traz diversos benefícios para essas crianças.

2. INTRODUÇÃO

Autismo é um transtorno invasivo do desenvolvimento e inclui danos na interação social, na comunicação, tem padrões comportamentais repetidos, pouco interesse, e tem início antes dos 3 anos de idade. Ed. Washington DC: APA, (1994)². A causa do autismo é ainda desconhecida. Dezenas de estudos tentam desvendar os fatores genéticos que se associam à doença. Algumas causas associadas ao autismo tais como deficiência mental, convulsões, diminuição de neurônios, maior tamanho do encéfalo, maior concentração de serotonina, são causas neurobiológicas e sugerem forte componente genético. MUHLE R, (2014)³.
O autismo tem uma estatística de vinte entre cada dez mil nascidos e é quatro vezes mais comum entre meninos do que meninas. Está presente em todo o mundo e em famílias de qualquer configuração racial, étnica e social. Os primeiros sinais podem ser observados entre os 4 e os 8 meses de idade, devido ao atraso da fala e da motricidade. Porém, o diagnóstico requer um exame físico, neurológico e psicopedagógico.
As manifestações clínicas variam em níveis de gravidade, algumas crianças, por exemplo, denominadas de “autistas de alto funcionamento”, chegam a se desenvolver de maneira parcial e independente, apresentando um nível de intelecto dentro da normalidade, o que os permite ter uma qualidade de vida(QV). KLIN (2000)³. Algumas características da criança autista segundo MONTEIRO(2000) 4, é ausência de movimentos antecipatórios quanto de movimentos de ajustamento a pessoas que a sustenta. Manipula os objetivos de forma repetitiva. Tem um interesse em movimentos circulares. Qualquer mudança no cotidiano é rebatido com grande violência.
O tratamento é complexo, concentrando-se em uma abordagem medicamentosa destinada a redução de sintomas-alvo, representados principalmente por agitação, agressividade e irritabilidade, que geralmente impedem o encaminhamento dos pacientes a programas de estimulação e educacionais. (ASSUMPÇÃO; PIMENTEL,2000) 5.
A equoterapia é um método terapêutico que utiliza cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e/ou com necessidades especiais. Segundo FREIRE e POTSCH em 2005 6, as terapias usando cavalo podem ser consideradas como um conjunto de técnicas reeducativas que agem para superar danos sensoriais, motores e comportamentais, através de uma atividade lúdico-desportiva, que tem como meio o cavalo. As terapias utilizando animais promovem benefícios relacionados ao bem estar físicas e emocionais. Os animais não possuem as mesmas capacidades, experiências e poder de cura que um médico especializado apresenta, porém, devido ao seu afeto, amor incondicional e características físicas, o relaxamento e a estabilidade, a diminuição de comportamentos agressivos no homem poderá surgir após e durante esta interação. Além disso, os animais aceitam as pessoas como elas são sem quaisquer distinções físicas ou psicológicas. (BRITO, 2007) 7.
A prática de equoterapia objetiva os benefícios físicos, psíquicos, educacionais e sociais de pessoas com necessidades especiais, incluindo as crianças com autismo, sendo indicada para patologias ortopédicas, neuromusculares, cardiovasculares e respiratórias (LERMOTOV, 2004) 8. Como contra indicações, temos algumas patologias neuro/psiquiátricas, dermatológicas e alérgicas, urológicas, pneumológicas, protológicas, algumas ortopédicas, cardiovasculares e oncológicas. O paciente deverá apresentar uma avaliação médica, psicológica e fisioterápica, para poder ser enquadrado em um programa de equoterapia. SANTOS (2005) 9.
Nesse sentido o objetivo do estudo é realizar uma revisão do material disponível na literatura a respeito dos efeitos da equoterapia em crianças com distúrbios autistas.

4. METODOLOGIA CIENTÍFICA

Neste estudo foi realizada uma revisão de literatura, onde foram coletados e analisados dados científicos referentes aos efeitos da equoterapia em crianças autistas. Todos os artigos revisados foram retirados gratuitamente dos sites de base de dados MEDLINE, PUBMED, SCIELO, BVS, no período de 10 de outubro a 30 de novembro de 2014, com a utilização das palavras chaves: Equoterapia, autismo, crianças. Os critérios de inclusão adotados nesta pesquisa foram estudos que avaliassem os efeitos da equoterapia em crianças autistas e excluídos os artigos que avaliaram os efeitos da equoterapia em adultos autistas e equoterapia em outras síndromes.

5. RESULTADOS
Após o processo de busca que resultou num total de vinte e nove artigos relacionados ao tema, dez estudos foram excluídos pela análise das palavras chaves e resumos. Sendo assim restaram seis artigos que encontraram associações entre os efeitos da equoterapia em crianças autistas e esses foram incluídos para discussão. Dos artigos selecionados todos foram estudos de casos, sendo publicados entre 1999 e 2014. Quatro das publicações eram em português, duas em inglês. Os resultados obtidos com essa pesquisa foram descritos no quadro a seguir:
Quadro1 – Resumos dos efeitos causados pelo tratamento com equoterapia em crianças autistas.

equoterapia

7. DISCUSSÃO

A equoterapia se mostrou um tratamento eficiente em crianças que apresentam o distúrbio autista. FREIRE em (1999) 10, fez um estudo de caso com um paciente autista, onde houve em alguns aspectos iniciação e melhora em outros, principalmente no desenvolvimento perceptivo, motor, hábitos, de independência corporal, coordenação motora, área emocional, linguagem e no social desse individuo. Caçador (2014)¹¹, também fez um estudo onde utilizou docentes de crianças autistas, onde o mesmo descreveu as opiniões dos docentes com relação ao tratamento com equoterapia para essas crianças, a opinião desses docentes foi dada depois que leram à vários artigos falando sobre equoterapia e as suas repercussões, os mesmos responderam ao questionário onde deixava claro as suas opiniões sobre o tratamento, se tinha ou não benefícios para essa síndrome. A grande maioria entendeu que a equoterapia era um tratamento favorável a esses indivíduos, e disseram perceber mudanças e progressão no comportamento e desenvolvimento dessas crianças. Apesar dos dois estudos serem sobre equoterapia pode-se perceber que são estudos diferentes, com metodologias diferentes, mas que obtiveram resultados parecidos onde ambos relatam no desenvolvimento motor e no comportamento.
Em mais um estudo, sendo esse de VAN DER HOUT e BRAGONJE (2010) ¹², um tratamento realizado com a equoterapia em 60 crianças por um período de 10 semanas onde se usou uma escala a CARS para mensurar os níveis de autismo e as suas alterações antes e depois do tratamento, constatou após o tratamento uma melhora significativa, mas onde se mostrou uma maior evolução desses pacientes depois do tratamento foi na sociabilidade, consciência sensorial, motora e cognitiva, segundo VAN DER HOUT (2010), a equoterapia apresentou-se de forma bastante eficaz, assim como ele e todos os outros autores relataram sempre uma melhora quando o tratamento foi feito com cavalos. Outro estudo, só que de WUANG et al. em (2010)¹³, utilizou a mesma quantidade de crianças, mas essa quantidade foi divida em dois grupos(A e B), e para avaliar assim como VAN DER HOUT(2010) utilizou escalas, a de BOTMP e TSIF que avaliam desenvolvimento sensorial e motor pré e pós tratamento com a equoterapia. A intervenção foi de 44 semanas e todas as crianças realizaram até o final. Observou evolução em todas as crianças na coordenação, no controle motor, na velocidade, destreza, controle visual, e agilidade. Em ambos os estudos houve evolução no distúrbio autista, apesar de obterem resultados parecidos, os autores utilizaram métodos e escalas diferentes.
BIAZUS em (2010)¹4, utilizando duas crianças com síndromes diferentes, uma com síndrome do autismo que faz tratamento há dois anos e a outra com síndrome de down que está iniciando o tratamento, em ambos os casos ele achou resultados favoráveis onde a equoterapia ajudava na melhora do quadro clínico, principalmente no equilíbrio. Leitão em (2004)¹5, fez um estudo onde realizou 73 sessões de equoterapia em 5 crianças autistas onde realizava uma sessão por semana, confirmou que a equoterapia tem um efeito benéfico nesse tipo de síndrome principalmente em crianças, onde essa terapia se beneficia da desorganização que ocorre nessas crianças, utilizou de forma lúdica a equoterapia e obteve resultados incríveis, na interação social e despertou nessas crianças a empatia e o ato de confiar. Esses dois autores utilizaram a equoterapia para tratamento só que de forma totalmente diferente, mas pode-se ver que ambos obtiveram melhoras, mas em setores diferentes, provavelmente pela forma que o tratamento foi abordado em casa caso.

8. CONCLUSÃO

O autismo é um distúrbio onde se tem uma alteração tanto na vida social, quanto no desenvolvimento sensitivo, cognitivo e motor, além de ter limitações funcionais.

Concluímos então que a equoterapia pode sim vir a ser um ótimo tratamento em crianças autistas, pois como vimos em todos os artigos científicos que utilizamos nesse trabalho houve varias comprovações de que o tratamento com cavalo traz diversos benefícios para a criança, tais como, desenvolvimento motor e sensorial, de linguagem, aprendizado, cognição, afetivo, equilíbrio, empatia e um dos principais interações social, com a melhora desses aspectos as crianças são beneficiadas e tem uma inserção maior na sociedade. Sendo assim comprovamos que esses estudos apresentam segurança em relação ao tratamento com a equoterapia.

Fonte: Nova Fisio

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