quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Fisioterapia auxilia mulheres nas mudanças corporais após câncer de mama



Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Amazonas, durante todo o ano de 2014, devem ser registrados 390 novos casos de câncer de mama, sendo a maioria na capital. O câncer de mama é a maior causa de óbitos por câncer na população feminina no Brasil, principalmente na faixa etária entre 40 e 69 anos.

A retirada da mama pode ser uma das opções de tratamento para mulheres vítimas de câncer de mama. Depois do procedimento, começa uma nova etapa para a paciente: a de recuperação dos movimentos, que nessa fase, encontra a fisioterapia como principal aliada para garantir a qualidade de vida.

A paciente submetida ao tratamento cirúrgico do câncer de mama terá que conviver com as mudanças de postura causadas pela retirada do seio, como dor e restrição ao movimentar o ombro, inchaço do braço (linfedema) e a falta de sensibilidade na parte superior e interna do braço.

Após a cirurgia, a mulher passa a ter uma nova realidade de seu esquema corporal devido a importantes alterações que com freqüência são geradas pela dor, fraqueza muscular e modificação na imagem corporal. A fisioterapia ajuda a mulher a enfrentar as mudanças causadas pela retirada do seio.

O fisioterapeuta pode intervir desempenhando um papel importante na prevenção de sequelas, fazendo parte integrante da equipe multidisciplinar no acompanhamento da recuperação destas mulheres. Atualmente, a fisioterapia está incluída no planejamento da assistência para a reabilitação física no período pré e pós-operatório do câncer de mama.

A mastectomia radical modificada, principalmente acompanhada de radioterapia, pode determinar complicações físicas, imediatas ou tardias, tais como limitação da amplitude de movimento (ADM) do ombro e do cotovelo, linfedema, fraqueza muscular, infecção e dor, que colocam em risco o desempenho das atividades de vida diária e dos papéis da mulher mastectomizada. Com a fisioterapia, as mulheres são orientadas quanto à postura que irão adquirir no pós-cirúrgico e a importância da aderência à reabilitação.

Quanto mais precoce forem orientados os exercícios, mais rapidamente a mulher responderá ao tratamento. A amplitude de movimentos deve ser alcançada no menor espaço de tempo possível, levando-se sempre em conta as dificuldades individuais de cada paciente.

As pacientes submetidas ao tratamento fisioterápico diminuem seu tempo de recuperação e retornam mais rapidamente às suas atividades cotidianas, ocupacionais e desportivas, readquirindo amplitude em seus movimentos, força, boa postura, coordenação, autoestima e, principalmente, minimizando as possíveis complicações pós-operatórias e aumentando a qualidade de vida.

A fisioterapia desempenha um papel fundamental nesta nova etapa da vida da mulher operada, pois além de significar um conjunto de possibilidades terapêuticas físicas passíveis de intervir desde a mais precoce recuperação funcional, até a profilaxia das seqüelas, além de diminuir o tempo de recuperação, com retorno mais rápido às atividades cotidianas e ocupacionais, colaborando com sua reintegração à sociedade, sem limitações funcionais.

Segundo tipo mais comum

Segundo tipo mais frequente no mundo, o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. Se diagnosticado e tratado oportunamente, o prognóstico é relativamente bom.

No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estádios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%.

Relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente. Estatísticas indicam aumento de sua incidência tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumento de 10 vezes nas taxas de incidência ajustadas por idade nos Registros de Câncer de Base Populacional de diversos continentes.

Fonte: A Crítica

domingo, 25 de janeiro de 2015

Cigarro aumenta risco de dores nas costas



Conhecido por ser um dos maiores vilões da saúde, o cigarro também é responsável por aumentar o risco de dores nas costas, doença do disco intervertebral e complicações pós-operatórias depois de cirurgias de coluna.

De acordo com o fisioterapeuta Helder Montenegro, especialista em coluna vertebral, presidente da Associação Brasileira de Reabilitação de Coluna, as altas chances de um fumante desenvolver complicações na lombar se deve à fumaça do cigarro, que reduz a circulação sanguínea nos platôs (amortecedores naturais) do disco invertebral. “Essa diminuição dificulta a chegada de nutrientes na região, fazendo com que os discos ressequem e se desgastem”, descreve o especialista.

O tabaco contribui ainda para o surgimento de hérnia de disco, um processo em que o disco intervertebral sofre uma ruptura no anel fibroso, sendo que este envolve o núcleo pulposo. “Com a ruptura e posteriormente a saída do núcleo pulposo, as raízes cervicais que são incumbidas pela inervação de membros superiores, ficam comprimidas, causando as dores, diminuição da força e atrofia da musculatura”, descreve Montenegro.

Quanto mais cedo começa a fazer o uso do cigarro, mais chances de desenvolver problemas na coluna. “Naturalmente o corpo sofre um desgaste natural de suas articulações a partir dos 35 anos, porém, o tabagismo acelera esse processo. Além disso, a obesidade, a má alimentação e a ausência da prática de atividades físicas podem agravar o problema”, informa Helder.

Além disso, a nicotina e outras substâncias encontradas no cigarro reduzem o diâmetro dos pequenos vasos, inibindo o aporte de oxigênio que as células recebem através do sangue. “A vasoconstrição (processo de contração dos vasos sanguíneos) dificulta na cicatrização de cirurgias e também interferem na estabilização de fraturas, pois reduz a produção de colágeno pelo corpo”, alerta o fisioterapeuta.

Fonte: Revista Saúde

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Chateado? Pode ser a postura



Antes de começar a ler, preste atenção em seu corpo. Em que posição você está? São grandes as chances de que esteja sentado, jogado meio de qualquer jeito sobre uma poltrona, costas curvadas, talvez inclinadas um pouco para um lado, pernas cruzadas ou dobradas, ombros retraídos. Agora olhe para dentro e reflita sobre como você se sente: cansado, sem energia, tenso? Não estranhe as perguntas; a relação entre postura e bem-estar é mais profunda do que pensamos.

Uma pesquisa realizada pela San Francisco State University em 2012 concluiu que a postura que adotamos ao andar tem influência direta e imediata no modo como nos sentimos. O estudo reuniu 110 jovens e pediu que eles andassem, durante alguns minutos, com a coluna encurvada e a cabeça baixa. Questionados após a experiência, os participantes relataram uma diminuição de energia após a caminhada. A queda foi mais significativa naqueles que já apresentavam uma tendência para tristeza e depressão.

Esse resultado reforça o que diversas áreas de estudo, como fisioterapia e ioga, trabalham há tempos: a relação entre emoção e postura. "Na ioga você tem, por exemplo, a postura do guerreiro. Não tem como estar deprimido quando se está com os braços estendidos, o peito aberto. Você nunca vê alguém de peito aberto dizendo `tô muito chateado hoje'", afirma o professor de ioga Anderson Allegro.

Por outro lado, quando se está abatido, torna-se difícil manter o corpo ereto. "Nós passamos a vida tendo de vencer a ação da gravidade. É natural que, quando você está mais cansado, chateado, você sofra mais essa ação no seu corpo e deixe que ela vença", afirma Oldack Barros, presidente da Sociedade Brasileira de rpg (Reeducação Postural Global).

Fisicamente, a postura adequada faz com que o corpo trabalhe da forma correta. "Quando você tem um corpo alongado, você tem um melhor funcionamento de todos os órgãos vitais, porque eles vão estar posicionados em seus lugares, sem haver achatamentos. O bombeamento do sangue pelo coração é favorecido, assim como o retorno venoso. Você também mantém a flexibilidade nas articulações", explica Oldack.

Outra consequência negativa da má postura, segundo Anderson Allegro, é sentida em nossa energia. "Quando a gente está muito jogado de qualquer jeito, a energia não flui. Os canais de energia são relacionados com o corpo. Então, se eu estou com a postura caída, o fluxo em direção à cabeça é prejudicado, aí minha concentração não vai ser a mesma, nem minha capacidade de discernimento e de tomar decisões." Portanto, a ordem é levantar a cabeça, alongar o corpo e abrir o peito.


Homo sentadus

"Hoje em dia, todo mundo tem postura errada, o modo de vida que a gente criou no Ocidente leva a isso", afirma Anderson Allegro. "Você digita, lê um livro, cozinha, lava a louça, tudo no mesmo lugar. Isso naturalmente traz o corpo para uma posição caída, dá uma afundada no peito, leva o ombro para frente". Para o professor de ioga, outro problema da nossa vida cotidiana é o excesso de tempo que passamos na mesma posição. "Você trabalha oito horas sentado e, quando chega em casa, liga a televisão e se joga no sofá." Oldack Barros considera isso um crime sério. "Nós nos transformamos: éramos um `homo erectus¿ e hoje somos um `homo sentadus", brinca. Para sair dessa inércia, comece a fazer pausas regulares para levantar-se da cadeira e caminhar.

Se, no entanto, você tem um emprego no qual leva bronca de chefe se passar cinco minutos fora da mesa, alongue-se ali mesmo, realizando movimentos simples para diminuir os efeitos ruins dessa rotina. Anderson Allegro conta que, quando sabe que vai passar muito tempo trabalhando no computador, coloca a seu lado um cronômetro para tocar a cada meia hora. "Quando ele toca, eu levanto, estendo os braços, dou uma esticadinha, solto o corpo para frente. Sair daquela postura curvada e fazer esses pequenos movimentos já vai me trazer a consciência de volta e eu vou sentar de novo mais bem posicionado." Esses gestos podem ser feitos em qualquer espaço, até mesmo em baias apertadas e sem privacidade. "É melhor pagar mico do que ficar doente."

Saber sentar corretamente também é de grande valor. "Uma boa posturasentada seria estar confortável, sentado em cima dos dois ísquios, que são os ossinhos do bumbum, com os pés apoiados no chão e com um apoio mais ou menos na região mediana das costas mantendo sempre a linha do olhar horizontal", diz Oldack.

Fora do ambiente de trabalho, praticar alguma atividade física - qualquer uma! - é de extrema importância para manter a postura, retomar o contato com seu próprio corpo e colocar músculos diferentes para funcionar. Para a terapeuta corporal Lucia Merlino, a escolha da prática à qual se dedicar é totalmente individual. "Tudo é bom se for expressão do prazer da pessoa: boxe, caminhar, correr, ioga, pilates. O importante é procurar uma atividade física que te alimente e que te deixe feliz."

Uma boa atividade, que, no entanto, é muitas vezes mal conduzida, é o alongamento. "À vezes as pessoas se alongam de um jeito tão torto que se machucam. Tem de saber a diferença entre ficar se esticando e criar uma consciência corporal para ampliar os limites do corpo", diz Lucia. "Não adianta colocar o pé lá em cima da barra, mas estar com o ombro tenso, a bacia torta." Uma orientação profissional acertada pode fazer a diferença nessa hora. A mudança pode não funcionar se for feita à força, e talvez exija um trabalho amplo de reeducação corporal, principalmente se a má postura já estiver provocando dores frequentes. "Às vezes a pessoa sabe que está encurvada, tenta corrigir a postura, mas diz que não aguenta mais do que dois minutos. Não adianta ficar esticado e duro, não vai mesmo durar", diz Lucia Merlino. Para ela, a história de vida da pessoa e como ela construiu a relação com seu corpo tem grande importância.

"O corpo vai se moldando de acordo com nossa história pessoal, e essa história tem os afetos, a cultura, os adestramentos pelos quais o corpo passou. Tudo isso faz parte do jeito como você se vira no mundo, e às vezes você fica prisioneiro dessa postura. Então, quando você se libera de alguma coisa que está te prendendo, você tem um fluxo mais gostoso dentro do seu corpo e consegue ter uma dança melhor no mundo."

Fonte: Vida Simples