quarta-feira, 11 de julho de 2012

Maneira como cérebro responde a emoções pode prever surgimento de dor crônica

Estudo americano sugere que pessoas que têm dor contínua apresentam maior comunicação entre regiões cerebrais ligadas a emoções e mudanças de ambiente



A maneira como o cérebro de uma pessoa responde às emoções pode dizer se uma lesão nas costas vai se tornar um problema de dor crônica ou não. Essa é a conclusão de um estudo desenvolvido na Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos, e publicado na edição desta semana da revista Nature Neuroscience. "Pela primeira vez, fomos capazes de explicar o motivo pelo qual parte das pessoas com lesão nas costas desenvolve um quadro de dor crônica e outras não", diz Vania Apkarian, que coordenou o trabalho. Ela explica que sofrer uma lesão não é suficiente para acarretar a dor contínua. De acordo com a pesquisa, o problema é resultado de uma maior comunicação entre duas regiões específicas do cérebro: uma, responsável pelas respostas do cérebro às diferentes emoções, e a outra, pelas reações do cérebro com mudanças de ambiente.


O estudo se baseou nos dados de 39 pessoas que sentiam dores na região lombar há ao menos um mês e até quatro meses antes de a pesquisa começar. Nenhum desses indivíduos havia tido problemas de dores nas costas antes. No início do trabalho e mais outras três vezes durante um ano os participantes passaram por avaliações nas quais fizeram exames de ressonância magnética e relataram a intensidade da dor. Após 12 meses, 20 pacientes haviam se recuperado e os outros 19 foram classificados como portadores de dor crônica.

Os autores concluíram que, entre os pacientes que desenvolveram dor crônica, a comunicação entre essas duas regiões do cérebro foi muito maior — ou seja, o cérebro reagiu de maneira mais intensa à lesão inicial — do que os outros participantes. Além disso, essa maior comunicação foi demonstrada desde o começo da pesquisa, o que mostra que essa característica pode ajudar a prever se uma pessoa vai ou não ter de conviver com a dor por um tempo prolongado. Segundo os pesquisadores, os próximos passos da equipe serão novos estudos que busquem, com base nessas constatações, novas terapias para tratar a dor crônica.

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